quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Other Side #006

Nina abriu os olhos e sorriu para Marina.
- Fala para a Lua vender tudo, terminar a faculdade e quando ela estiver pronta, procurar o registro de compra e venda do carro.
- Não quer esperar? E aí você fala para ela pessoalmente. - Marina pegou o celular e ligou para Lua. - Fica tranquila, eu vou chamar um médico e vou continuar tentando ligar para ela.
- O registro do carro é importante. - Nina respirou fundo e voltou a fechar os olhos.

- Lua, ela acordou. Disse que era para você vender tudo, terminar o curso e procurar o registro de compra e venda do carro. - Marina andava até o balcão procurando um médico.
- Vendi tudo, estou quase chegando, fala para ela ficar calma que eu estou chegando. - Lua abraçou Isa no banco de trás do carro de Miguel. - Ela acordou.
- É uma ótima notícia, por que está com essa cara?
- Estou com um aperto no peito.
- Sente vontade de chorar?
- Sim, mas não posso chegar lá chorando.
- Chora amiga, chora aqui, nós não vamos contar para ninguém.
- Isa, se ela...
- Para o carro! - Gustavo tirou o sinto de segurança.
- O que foi? - Miguel parou o carro, viu Gustavo sair do carro e entrar do lado da Lua.
- Você não está e nem nunca estará sozinha. - Gustavo a abraçou. - Eu prometo que sempre vai poder contar com esses três amigos que gostam tanto de você.
Isadora ficou sem reação e Miguel ficou com o rosto tenso até chegar no hospital.
- Chegamos. - Miguel estacionou o carro.
- Pronto, me deixa ver esse rostinho. - Gustavo segurou o rosto de Lua e secou as lágrimas dela. - Vamos ver a sua avó agora?
Miguel acompanhou Lua até o quarto, Marina estava muito nervosa e Gustavo ficou acalmando a irmã.
- Oi, vovó? - Lua segurou a mão, dela. - Acabei de voltar da reunião, está tudo certo.
- Você vendeu tudo?
- Sim, vendemos tudo e pagamos a hipoteca da casa com a primeira parte do dinheiro.
- Querida, você precisa ser forte, não sei se tenho forças para resistir. Foram muitas perdas e meu coração já não é tão forte.
- Não se esforça, está tudo resolvido, acalma seu coração por que os problemas acabaram. Agora eu vou me formar e nós duas vamos sair de férias. Por isso, agora a senhora vai descansar e se cuidar para ficar forte outra vez.
- Eu amo você!
- Também amo você. - Lua beijou a testa da avó e sentou no sofá ao lado de Miguel.
- O Gustavo tem razão vocês não estão mais sozinhas.
- Não quero conversar para não incomodar o sono dela. - Lua sorriu um pouco desanimada para ele.
Miguel pegou um caderno dentro da mochila, duas canetas e estendeu uma caneta para ela.
- Podemos escrever?
- Sim, podemos escrever.
- Você e o Gustavo se conhecem de onde?
Lua olhou para ele e respirou fundo.
- A irmã dele começou a trabalhar na confeitaria e ele sempre aparece por lá. Mas hoje ele disse que nós já estudamos juntos, ele colou chiclete no meu cabelo e era muito irritante. Não da para contar isso como tempo de amizade.
- Então, vocês são amigos?
- Essa situação tem desestabilizado muito a Marina.
- E?
- Sei lá vocês estão vendo que eu também não estou bem. Ele é o único que tem uma ligação real com alguém que está sentindo tanto quanto eu.
- Quando a Marina ligou, você lembra o que ela disse?
- Eu tinha que vender tudo, terminar o curso e procurar o registro de compra e venda do carro. Espera, registro de compra e venda? Carro? - Lua lembrou do cara que apareceu na confeitaria pela manhã.
- O quê?
- Nada, eu tenho tempo para ver isso depois.
- Que carro?
- Minha mãe era diferente da minha avó. Se apaixonou e foi embora da cidade. Um longo tempo depois voltou para casa com uma bebê de poucos dias de vida.
- Você?
- Sim, a vovó disse que ela me deixou para ir buscar o amor da vida dela.
- Seu pai?
- Não sei nada dele. Quando ela sofreu o acidente o carro ficou destruído.
- E aí?
- Ela morreu e a vovó me criou como uma filha.
- Por isso disse que ela é tudo o que você tem? Você repetiu isso algumas vezes ontem e hoje.
- Preciso muito descansar. Acho que essa foi a manhã mais longa da minha vida.
- Vou ver como estão as coisas lá fora e vou tentar ligar para o meu pai outra vez.
- Obrigada por trazer a Isa hoje. Precisava da minha amiga por perto.
Miguel abraçou Lua e deixou o caderno no sofá.
Escrito por: Izzy Rosa

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