VGiordano #008

Valentina passou a noite desenhando até desmaiar de sono.
- Valentina? Filha, vai se atrasar para o colégio. - Anna sacudiu a filha.
- Mãe?
- Seu pai já foi trabalhar e você está atrasada.
Valentina arregalou os olhos, levantou da cama e saiu correndo para o banheiro. Anna ficou no quarto arrumando o uniforme e a mochila da filha.
Banho, roupa, cabelo e mochila.

- Filha, cuidado com a bicicleta na rua!
Anna saiu do quarto e fechou a porta.
Valentina saiu de casa e viu um carro parado na frente de casa. O motorista abriu a porta e Luke saiu.
- Não encontrei você no colégio, vim ver se estava tudo bem.
- Estou bem, vamos logo ou vamos chegar atrasados. - Valentina entrou no carro e Luke a seguiu.
- Tem certeza que está tudo bem?
- Sim, só estamos atrasados.
- Hoje tem prova de matemática, você lembra disso?
- Sim, de matemática e de inglês.
Valentina respirou fundo e virou o rosto para a janela. Chegaram no colégio e correram para a sala de aula.
- Conhecendo a Valentina, ela deve estar aprontando por aí. - Thati riu para o professor.
- Aprontando e bem acompanhada. - Paloma virou o rosto de Thati para os dois.
- Luke?
- Desculpa pelo atraso e por chegar desse jeito. - Valentina sentou rapidamente e ficou em silêncio.
Thati e Paloma resmungavam entre elas.
- Quando vocês começaram a namorar? - Otávio se aproximou de Luke.
- Ainda não estamos namorando.
- Eu sou seu melhor amigo, pode falar cara.
- Além de chegar atrasado sem explicação ainda fica conversando na hora da aula?
Aquele assuntou morreu ali, logo depois das duas provas veio o intervalo. Valentina ficou na biblioteca, como sempre fazia, aproveitou para pesquisar sobre a bolsa de estudos mais uma vez. Como tinha vontade de ir para a capital e começar a estudar moda. Se pudesse ir nesse exato momento não pensaria duas vezes. Será que Luke também tinha vontade de estudar na capital ou ficaria na cidade?
 Depois da aula não encontrou mais com Luke, era como se ele tivesse desaparecido. No trabalho o tempo passou se arrastando. Chegou em casa, jantou com a família e foi para o quarto.
Sobre os desenhos de sapatos várias folhas soltas com o rosto dele, Valentina se assustou e começou a guardar todos aqueles desenhos. Não lembrava de ter feito aquilo. Nunca desenhou um rosto na vida.
Colocou todos os desenhos numa pasta e escondeu atrás do quadro onde tinha a foto dos pais dela. Aquele sentimento tinha que ser controlado de alguma maneira, não tinha como ela se tornar uma pessoa sem vontade própria. Ao menos poderia ter pensamentos que não girassem em torno dele?
Valentina se jogou na cama e desejou de todo coração voltar a ser a pessoa racional que sempre foi. Acabou dormindo com o rosto coberto por lágrimas. Era a vontade de preservar o coração intacto e o medo de que aquele sentimento nunca mais se repetisse na vida dela. A incerteza de que ele realmente queria algo com ela e o desejo de parar de pensar e deixar as coisas simplesmente acontecerem.

Escrito por: Izzy Rosa