Nunca foi capaz de perceber quando éramos crianças... Faz tanto tempo, estou tão diferente agora... E eu sei que você nunca vai acreditar, mas meu sentimento continua o mesmo...
Agora que terminei meu curso estou voltando para casa depois de quatro anos sem encontrar com você...
Eu não acredito que ainda escrevo um diário, isso é tão, infantil...
Apesar de saber que grandes escritoras começaram tudo com diários e que nunca pretendiam mostrá-lo ao mundo inicialmente e no fim tornaram-se grandes obras...
Espero sinceramente que ninguém nunca descubra que ainda uso. Ainda ando para cima e para baixo com ele, mas ninguém dá atenção a isso porque agora meu diário mais parece uma agenda por fora do que a fonte secreta de todos os meus segredos...
Meu melhor amigo durante toda a minha vida até que uma bolsa de estudos me afastou dele sempre fomos ligados por que somos vizinhos e nossos pais eram amigos até o dia que meu pai sumiu e o tio Júlio basicamente me adotou. Não me lembro do meu pai por que era muito pequena quando ele foi embora.
O tio Júlio e ele fizeram faculdade juntos, mas meu pai enfrentou meu avô e faltando dois períodos para acabar a faculdade largou tudo. Para fazer algo que ele queria. Tocar bateria numa banda.
The Fools Singers estourou depois de um ano de ensaio e trabalho duro. Meu pai se apaixonou pela fama. A atenção que recebia era tão grande e se tornou tão importante para ele que quando a banda se separou dois anos depois, meu pai perdeu a cabeça.
Ele tinha dinheiro suficiente para fazer o que quisesse, ele finalmente ouviu meu avô e terminou o curso que tinha trancado, e virou vendedor numa loja de móveis, casou-se com uma amiga da época da escola.
Mudou para uma casa perto de seu melhor amigo e teve uma filha. Mas a vida dele era muito vazia nada daquilo era importante para ele.
O tio Júlio diz que ele sorria poucas vezes, mas eu o fiz rir mais do que qualquer outra coisa, com meus primeiro passos e minhas primeiras palavras.
Ele acordou um dia arrumou as malas e saiu. Ninguém nunca mais ouviu falar dele. Nem sei se ele ainda está vivo.
Esse assunto é proibido lá em casa, minha mãe nunca se fechou. E ninguém mais responde minhas perguntas sobre isso. Talvez um dia consiga descobrir o que aconteceu. Tenho certeza que qualquer coisa terei que buscar sozinha.
Realmente eu estou escrevendo muito e tão rápido que nem percebo quando é hora de parar. Todos estão dormindo no avião, que não está tão cheio assim. A luz acima da minha cabeça parece uma estrela solitária no meio da escuridão. Faltam oito horas de viajem e eu não consigo dormir vou largar esse diário e vou tentar dormir um pouco...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.