O espaço era muito maior agora, o palco era outro. Naty sentou numa mesa e ficou procurando por ele.
- Quer alguma coisa?
- Sim, uma porção de fritas e um refrigerante.
- Só isso?
- Vocês recebem bandas aqui? - Naty apontou para o palco.
- Sim, o chefe seleciona as bandas nas sextas quando o microfone é livre. As bandas selecionadas tocam no sábado e no domingo.
- E lota muito?
- Já tivemos tempos melhores. Agora as bandas querem cobrar... Bom, já trago seu pedido.
Naty ficou impressionada com a semelhança entre o garoto e Dine. Os mesmos olhos, a mesma cor de cabelo. E o jeito de falar.
- Já foi atendida?
- Sim, obrigada.
- Eu conheço você?
- Acredito que não... - Naty olhou para o homem e era ele. - Talvez. O senhor trabalha aqui?
- Senhor? Faz tempos que ninguém me chama assim. Pode me chamar de Fred menina.
- O senhor... Você trabalha aqui?
- Pode se dizer que sim. Precisa de alguma coisa?
Naty pensou por um instante.
- Bom, na verdade eu preciso de um emprego, mas talvez você não possa me ajudar.
- Você não é daqui, é?
- Não senhor, acabei de chegar... Na cidade.
- Eu posso te arrumar um emprego, mas é um trabalho complicado. Envolve muita conversa e você vai ter que andar muito.
- Bom, sou boa em conversar e até hoje não tive muitos problemas em andar por aqui.
- Não senhorita envolve mais do que isso. Você toca guitarra. Mas não é só isso, você também canta.
- E você toca bateria, mas faz tempo que não o faz. - Naty sorriu. - Um amigo me ensinou isso.
- Quero ouvir você, quero saber se seu ouvido é bom. Se importaria em batalhar com o Davi?
- Só se for agora.
- Seu pedido. - O rapaz trouxe um prato de batatas fritas e um copo de refrigerante.
- Aproveite, é por conta da casa. Depois eu venho falar com você. - Fred colocou a mão no ombro do rapaz. - Esse é o Davi, se precisar de qualquer coisa fale com ele.
- Obrigada.
Ele sorriu e se afastou.
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